“A realidade histórica pode ser considerada por dois
aspectos.
Um aspecto concernente a opinião geral – e esse torna-se mais tarde,
a história, graças às pessoas que colocam por escrito as informações (...).
O
outro ao contrário, trata-se dos acontecimentos que não se tornam públicos.
É o mundo do
comportamento das lojas secretas (...)”.
VAN
HELSING, Jan. As sociedades secretas e seu poder no século XX.
Ainda
que o século XXI estabeleça outros interesses para a concepção de uma cidade,
ou mesmo o sujeito contemporâneo implique em novos programas de necessidades
para os edifícios religiosos, não existe como dissociar a importância de
algumas ordens iniciáticas na paisagem das cidades modernas. Embora o uso de algumas edificações datadas
dos séculos XV e XVI seja adaptado para nossa sociedade, determinados prédios
se sobressaem no panorama urbano, sendo impossível não notar algum traço
simbólico em suas arquiteturas.
Detalhe da decoração da fachada de casa em Paraty, RJ www.paraty.tur.br |
Além
disso, embora não haja um interesse revelado da população para com os assuntos
espirituais, a forma como o mundo segue sempre desperta na sociedade perguntas
cujos “porquês”, algumas vezes, podem ser respondidos por intermédio dos estudos
realizados nestas ordens ramificadas pelos antigos cavaleiros Templários, denominadas
na modernidade como rosacruzes, maçons ou outras nomenclaturas cuja origem se
deu neste primeiro momento de troca de informações entre o Oriente e o
Ocidente. E mesmo existindo divergências sobre a criação destas ordens
secretas, não há duvida quanto à contribuição que as viagens ao Oriente
trouxeram na literatura básica destes movimentos, refletindo diretamente no
simbolismo, espiritualidade e na arquitetura produzida sob orientação de seus
adeptos. 2
Detalhe do piso da Catedral de Chartres, França http://www. forgottendm.blogspot.com |
Independente
do caráter secreto destas ordens ou mesmo da fama negativa criada pela repulsa
da Igreja Católica para com os membros iniciados, o intuito dos artigos apresentados
nos próximos posts não é de traduzir os símbolos mas desmistifica-los, revelando
seu uso mesmo que intrínseco em algumas igrejas com decoração emocionante, ou na
arquitetura civil de algumas cidades. Neste período de quebra dos conceitos
pré-estabelecidos pelas religiões fundamentalistas, algumas abordagens com caráter
mais acadêmico e menos místico são importantes para analisarmos as edificações
que nos “tocam”, entendendo a correlação entre todos os movimentos religiosos e
principalmente que o progresso em muitos momentos só foi possível graças à
liberdade intelectual que as ordens secretas proporcionava aos seus adeptos.
1 – Como responsável pelo “arqsagrado” e estudioso de arquitetura religiosa, reforço
a simpatia e o respeito por todas as religiões, e a preocupação em conhecer a
maior parte da bibliografia criada com temas que estejam relacionados ao
assunto principal deste blog. Embora o
autor alemão Jan Van Helsing seja algumas vezes considerado “xenofobista” em
suas abordagens, o trecho foi reproduzido apenas porque era adequado à introdução
deste artigo, não compactuando com qualquer citação do autor que soe
preconceituosa.
2 – Sobre as origens da AMORC Rosa Cruz: “(...) Houve uma
época em que se acreditava que a origem dos rosacruzes não fora anterior ao
século 17, época em que a Ordem ressurgiu em um novo ciclo de atividades na
Alemanha, e que seu nascimento tradicional se situava em algum período da era
cristã. Documentos históricos, manuscritos e referencias autênticos,
descobertos no século 19 recuaram a verdadeira origem e existência da Ordem até
o chamado período tradicional: seu nobre nascimento remonta ao Antigo Egito, há
mais de trinta séculos. Trechos desta fascinante história foram divulgados pela
primeira vez na revista American Rosae Crucis, em 1916.”.
Revista O RosaCruz,
4° Trimestre de 2008, por Clarice N.V. Pessoa.
Sobre a Maçonaria: “ A origem da
Maçonaria é sempre um dos maiores enigmas da histórica. O oficio operativo dos
pedreiros medievias, os Cavaleiros Templários, os arquitetors e artesãos que construíram
o Templo de Salomão, até os Mistérios do mundo antigo – todos foram
apresentados como possíveis originadores da Ordem.
Estudos mais recentes,
porém, demonstraram que boa parte da fundamentação filosófica surgiu no
Renascimento,
quando a uma curiosa fusão de tradições místicas como as da
Cabala e do
Hermetismo veio sobrepor-se uma estrutura simbólica derivada das
corporações de ofícios medievais.”
NULTY, W. Kirk Mac. A Maçonaria, símbolos,
segredos e significado. Editora Martis Fontes, São Paulo, 2012.
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