O Portão deBradenburgo (em alemão "Brandenburger Tor"), simbolo da cidade de Berlim, se assemelha simbolicamente ao Arco do Triunfo, porém sem a figura arquitetônica de um arco. Na realidade, é o único remanescente de uma série de outras entradas para a capital alemã, constituindo a terminação monumental da "Unter den Linden", uma das principais avenidas da cidade, que dava acesso à residência real. Sua construção foi ordenada pelo rei prussiano Friedrich Wilhelm II e executada pelo arquiteto Carl Gotthard Langhans.
Portão de Bradenburgo. vista geral. |
Construído em tipologia neoclássica, possui doze colunas dóricas de estilo grego, seis de cada lado, criando cinco vãos centrais por onde passam cinco estradas. Sobre o entablamento está a estátua da deusa grega Eirene, deusa da paz, em uma biga puxada por quatro cavalos. Originalmente a quadriga estava com sua frente voltada para a parte oeste de Berlim, de costas para a "Pariser Platz", mas os soviéticos fizeram a inversão, ficando sua face voltada para leste, que era a parte oriental de Berlim. Suas dimensões são: 26 m de altura, 11 m de profundidade e 65 m de largura.
Poucas são as pessoas que sabem, mas na realidade as portas de Brandenburgo foram construídas sobre outras portas. Uma década após o fim da guerra dos trinta anos, a partir de 1658, Berlim começou a expandir-se como uma fortaleza, cercada por altos muros. Onde atualmente existe o Portão foi construída um primeiro portal, para servir como uma das entradas para a cidade. Na segunda metade do século XVIII, a burguesia ganhava força e o rei da Prússia, iniciou um plano de reestruturação da cidade, dando a ela mais esplendor, e esse projeto previa a construção de novas portas. Mas o projeto sofreu constantes atrasos e somente em 1788 as antigas portas foram demolidas.
As obras foram iniciadas no ano de 1789 e duraram até 1791, seguindo o desenho do arquiteto Carl Gotthard Langhans (1732–1808). Embora foi concebido pelo arquiteto com os elementos em que se encontra hoje, quando o Portão de Bradenburgo foi aberto ao trânsito ainda faltavam as esculturas de Johann Gottfried Schadow (1764–1850), e a quadriga. Entre as seis colunas dóricas passavam cinco estradas em que apenas duas mais extremas de cada lado estavam abertas ao livre trânsito civil. A rua principal , do meio, apenas podia ser percorrida pela comitiva real. Não houve, no momento da inauguração, qualquer tipo de cerimonia que contemplasse o marco da construção, assim, sem nenhum tipo de solenidade foi aberto ao trânsito no dia 6 de Agosto de 1791, propiciando ao rei acesso direto do palácio real até ao seu jardim na parte externa da cidade.
Historicamente, o Portão também foi sempre um marco arquitetônico para fatos importantes As tropas francesas de Napoleão Bonaparte quando em 1806 invadiram Berlim, atravessaram as portas de Brandenburgo, e para simbolizar a momentânea dominação francesa, Bonaparte mandou a quadriga para Paris, retornando a Berlim em 1814, após a guerra da libertação. Na ocasião, Frederico Guilherme III, incorporou uma cruz de ferro e uma águia prussiana, significando a vitória.
Em 1868, uma nova reformulação política pôs abaixo o velho muro de proteção da cidade, que circundava Berlim, e acrescentou às extremidades do Portão dois pequenos pavilhões sobre colunas, projetados por Johann Heinrich Stack, com aproximadamente a metade da altura das portas.
Detalhe da Quadriga no entablamento do Portão. |
Passado muito tempo, a quadriga foi retirada mais uma vez, em 1950, pelas autoridades soviéticas, e praticamente destruída. Foi tema de discussão a refundição da escultura ou a colocação de um novo símbolo nas portas, e decidiu-se pela primeira. Ambos, Portão e quadriga, que haviam sido danificados, foram reestruturados em conjunto, ficando a reforma das portas sob a responsabilidade de Berlim oriental e a refundição da quadriga para Berlim ocidental. Em 1958 a reforma estava encerrada, e a quadriga, que havia sido fundida em partes, foi remontada na praça "Pariser Platz" do lado soviético. Durante muito tempo os elementos decorativos da parte superior do Portão foram alvo de lutas políticas, vindo a ser instalado no seu lugar de origem somente no final do ano de 1958, entretanto, tendo sua direção invertida: os cavalos que antes galopavam em direção a Berlim ocidental foram postos ao contrário, gerando vários atritos entre ambos os lados. As decisões unilaterais soviéticas sobre as portas chegaram ao fim em 1961, quando Berlim Oriental fechou suas fronteiras com os setores britânico, americano e francês, as portas foram isoladas e o muro de Berlim foi construído.
O Portão ficou completamente interrompido para o tráfego de pedestres e automóveis por quase 30 anos, sendo reaberto com a queda do muro de Berlim - na noite de 9 para 10 de Novembro de 1989. Atualmente tanto a área ao redor quanto o Portão estão reestruturados, e as portas unem o centro histórico da cidade ao “Tiergarten”, a sede do parlamento e a nova praça “Potsdamer Platz”. Os automóveis podem atravessar as portas desde 7 de Março de 1998 no sentido de leste para oeste. A cruz de ferro e a águia prussiana foram reincorporadas à quadriga em 1991, mas os cavalos ainda galopam em direção a "Pariser Platz". O Portão que passou por tantos momentos difíceis hoje é um símbolo da prosperidade e unificação alemã.
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