segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Panteão de Paris. 1755. Jacques-Germain Soufflot.

     As construções importantes para o estudo de geometria sagrada na era Moderna não são tão conhecidas como as dos periodos anteriores ou mesmo as contemporâneas. Isso porque muitas descobertas aconteceram com o fim do período medieval, e a produção arquitetônica que se seguiu teve como ponto principal a reprodução de vários elementos do repertório anterior, sendo a escolha fundamentada mais em um gosto estético e menos em argumentos mais profundos. No entanto, ainda no meio de um panorama tão confuso podemos destacar alguns edificios importantes para o estudo de geometria sagrada, e são algumas destas edificações os temas dos próximos artigos deste blog, começando pelo emblemático edificio do Panteão Francês.
Panteão de Paris. Fachada frontal.
     O Panteão de Paris é uma edificação com tipologia neoclássica situado no monte de Santa Genoveva, no 5.º arrondissement de Paris. À sua volta estãolocalizados outros prédios importantes como a igreja de Saint-Étienne-du-Mont, a Biblioteca de Santa Genoveva, a Universidade de Paris-I (Panthéon-Sorbonne), a prefeitura do 5.º arrondissement e o Liceu Henrique IV. 
     Em 1744, sofrendo de uma doença considerada grave, Luís XV rei da França fez o voto de criar uma igreja em honra de Santa Genoveva, caso sobrevivesse. Restabelecido, encarregou o marquês de Marigny, diretor geral dos edifícios reais, de erigir um igreja no local da antiga abadia da santa, então em ruínas. Em 1755, o marquês confiou a responsabilidade do projeto ao arquiteto Jacques-Germain Soufflot.
     A igreja tem 110 metros de comprimento e 84 metros de largura. O edifício, em forma de cruz grega, é coroado por uma cúpula de 83 metros de altura, com um lanternim no topo.  A estrutura do edifício tenta reproduzir a  pureza e magnitude das construções gregas. Além da arquitetura grega, Soufflot buscou outras referências para este projeto: o Panteão romano para o erguimento do pórtico, que está na fachada principal, decorada com 22 colunas de estilo coríntio que apoiam um frontão triangular de autoria de David d'Angers e a Catedral inglesa de São Paulo e o Dôme des Invalides para a elaboração da cúpula. A maneira como reproduziu os detalhes clássicos em um novo contexto é o que caracterizou a construção como neoclássica, costume muito comum aos arquitetos da época. 
     As fundações começaram a ser escavadas em 1758 mas, devido a dificuldades financeiras e à morte de Soufflot em 1780, a sua construção foi retardada. Foi finalmente retomada por um associado de Soufflot, Jean-Baptiste Rondelet, em 1791, sendo laicizado pelos movimentos revolucionários burgueses, transformando-o em Panteão nacional. A Assembleia Nacional decidiu, entretanto, que o edifício deveria servir de necrópole para as mais grandiosas individualidades de França. O edifício foi modificado neste sentido, e o frontão contém a seguinte inscrição: “Aux grands hommes, la patrie reconnaissante.”, que quer dizer “Aos grandes homens, a pátria reconhecida”, despertando a vocação da edificação para acontecimentos históricos marcantes para a França e, porque não, para o mundo - hoje, na cripta, 70 célebres personagens da história francesa estão enterrados, dentre eles Alexandre Dumas, André Malraux, Émile Zola, Jean-Jacques Rousseau, Marie Curie, Victor Hugo, Voltaire entre outros.
Vista interior do Panteão de Paris.
     Em 1851, o astrônomo Jean Bernard Léon Foucault realizou aí uma experiência científica destinada a provar que a Terra roda em torno de um eixo (pêndulo de Foucault). Já no século XX, a 21 de Maio de 1981, a tomada de posse do septenato de François Mitterrand foi marcada por uma cerimônia no Panteão durante a qual prestou homenagem a Jean Jaurès, Jean Moulin e Victor Schœlcher, pousando uma rosa vermelha junto às suas sepulturas.

Notas:

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