quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Arquitetura simbólica das lojas maçônicas

 " Hiram fabricou também as conchas, tenazes e taças, para a aspersão.
 Terminou, assim, as obras de que o encarregara o rei salomão no Templo de Javé: 
as duas colunas, as esferas sobre os capitéis, as duas redes que cobriam as esferas das colunas(...)".
I Reis, 7, 40-41 .  1

Importante iniciar este texto explicando o que é “Loja”, muito empregado para designar os edifícios de Ordens Secretas como a Maçonaria.  O termo “Loja” refere-se tanto ao grupo de homens autorizados por uma Grande Loja, quanto à sala onde se reúnem. Contudo, embora na língua portuguesa a palavra “Loja” designa um estabelecimento comercial, em outras línguas como o espanhol  (logia) , alemão (loge) , o italiano (loggia), ou mesmo o francês  (loge), o termo semelhante ao que usamos no Brasil não se traduz por algo comercial mas por uma construção simples ou à casa de porteiro ou um caseiro. Assim, com base nas línguas italiano, espanhol, alemão ou mesmo francês, o termo está relacionado a uma edificação rústica utilizada para alojar trabalhadores, uma relação direta com as origens da Maçonaria. 2

Avental Maçônico inglês, datado de 1813, apresenta entre as
representações simbólicas duas colunas gregas, mostrando a
importância da arquitetura para a Ordem.
As primeiras Lojas reuniam-se em aposentos reservados de tavernas;  hoje, as Lojas se reúnem em seus próprios salões, em centros Maçônicos que oferecem instalações para várias Ordens diferentes ou em salões de uma Grande Loja. E à medida que a Ordem evoluía no numero de membros a ponto de necessitar de seus próprios edifícios, todo um complexo sistema de decoração e arquitetura era criado, apresentando no espaço físico alguns símbolos importantes para as cerimônias, inclusive fixando o posicionando de determinados lugares de acordo com a ritualística própria no salão principal das edificações.

No século XVIII quando teve inicio a Maçonaria especulativa formal,
muito atribuiram aos maçons a construção de importantes
edificios da Antiguidade.
Gravura feita por artista de Frankfurt, datada de 1738
Em se tratando de uma Ordem Secreta, muito do que se encontra é mera especulação da verdadeira simbologia Maçônica já que o sigilo faz parte da regra. Contudo, há de se verificar que independente do significado que os membros utilizam, determinados elementos possuem carga simbólica que transcendeu o período inicial em que foram criados, facilitando uma possível compreensão do que seria o simbolismo Maçônico para estes itens decorativos.

Painél marchetado apresenta a tipologia classica para
as fachadas das Lojas. 
Já na fachada das Lojas é possível notar a presença de colunas e de um frontão triangular como nos templos gregos ou romanos. Para os capitéis e colunas, nota-se uma livre adaptação das ordens clássicas de acordo com a necessidade de cada Loja, não levando muitas vezes também em consideração a proporção ou mesmo os elementos originais para a decoração do entablamento    3 . Contudo, a imponência que estes edifícios possuem sobre o entorno apontam mais para a arquitetura romana, onde a paisagem não era levada tão a sério mas a grandiosidade da construção em questão. Talvez também por ser tratar de uma Ordem que teve inicio nos canteiros das catedrais góticas, a monumentalidade seja algo mais importante que a adequação com o vizinhança. Com relação ao numero de  colunas nas elevações frontais, não se sabe se existe um numero máximo, porém para o mínimo há necessidade de serem duas, em alusão ás possíveis colunas existentes no Templo de Salomão, projeto do arquiteto Hiram Abif, que figura de modo proeminente no ritual de dois Graus.

Fachada de Loja Maçônica, com colunas jônicas e entablamento
decorado com rigor clássico.
Fonte: www.google.com.br
Abaixo algumas imagens com fachadas de Lojas Maçônicas no Brasil e em outros países:

Templo Maçônico de Paris.
Fonte: Fonte: A Maçonaria: simbolos, segredos e significados
Projeto de 1804,  suposta Loja Maçônica de autoria atribuida ao
arquiteto neoclássico Claude Ledoux.
Fonte: A Maçonaria: simbolos, segredos e significados

Detalhe de fachada de Loja Maçônica

Detalhe de fachada de Loja Maçônica

Detalhe de fachada de Loja Maçônica
Detalhe de fachada de Loja Maçônica

Detalhe de fachada de Loja Maçônica


Notas:

1. Biblia Sagrada, Antigo Testamento. Biblia, mensagem de Deus. Biblia n. 1 - Grande - vermelha. 
Edições Loyola, São Paulo, SP. 1983.

2. Com base nesses termos, que denominam as Lojas Maçônicas nas línguas francesa, italiana, espanhola, 
alemã e inglesa, pode-se compreender que as expressões referem-se a uma edificação rústica 
utilizada para alojar trabalhadores, e não a um estabelecimento comercial. 
Verifica-se então uma relação direta com a Maçonaria Operativa, em que os pedreiros costumavam e 
até hoje costumam construir estruturas rústicas dentro do canteiro de obras, 
onde eles guardam suas ferramentas e fazem seus descansos. 
Essas simples edificações que abrigam os pedreiros e suas ferramentas nas construções 
são chamadas de “loge, lodge, loggia, logia” nos países de língua francesa, alemã, inglesa, italiana e espanhola.  
A palavra na língua portuguesa que mais se aproxima desse significado não seria “loja” e sim “alojamento”. 
Nossas Lojas Maçônicas são exatamente isso: alojamentos simbólicos de construtores especulativos. 
Isso fica evidente ao se estudar a história da Maçonaria em muitos países de língua espanhola, que algumas 
vezes utilizavam os termos “Alojamiento” em substituição à “Logia”, 
o que denuncia que ambas as palavras têm o mesmo significado.
À luz dos significados dos termos que designam as Lojas Maçônicas em outras línguas, 
podemos observar que a teoria amplamente divulgada no Brasil de que o uso da palavra “Loja”
 é herança das lojas onde os artesãos vendiam o “handcraft”, ou seja, o fruto de seu trabalho manual, 
além de simplista, é furada. Se fosse assim, os termos utilizados nas outras línguas 
citadas teriam significado similar ao de estabelecimento comercial, se seria usado 
em substituição às outras palavras que servem a esse fim.
Na próxima vez que você passar em frente a um canteiro de obras e ver à margem aquela 
estrutura simples de madeira compensada ou placas de zinco, cheia de trolhas, níveis, 
prumos e outros utensílios em seu interior, muitas vezes equipada também com 
um colchão para o pedreiro descansar à noite, lembre-se que essa estrutura é 
a versão atual daquelas que abrigaram nossos antepassados, os maçons operativos, 
e que serviram de base para nossas Lojas Simbólicas de hoje.

Fonte: http://www.noesquadro.com.br/2011/02/por-que-loja-maconica.html#sthash.BgtekceX.dpuf


3. Na simbologia Maçônica, as ordens clássicas estão relacionadas à virtudes sendo respectivamente 
Jônica, Dórica e Coríntia, os pilares da Sabedoria, Força e Beleza, 
relacionadas também aos principais oficiais das Lojas. A Maçonaria. Simbolos, segredos e significaddo. W.kirk MacNulty. 

Um comentário:

  1. "(...) O termo “Loja” refere-se tanto ao grupo de homens autorizados por uma Grande Loja, quanto à sala onde se reúnem.(...)". Há uma incongruência no teu argumento, pois o local onde se reúnem os maçons, chama-se TEMPLO e não LOJA, muito menos SALA. A Loja é a associação de homens que a compõem.

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