“ Javé dirigiu-se a Moisés dizendo-lhe: ‘ Fala aos filhos de Israel: que te seja dada um bastão,
da parte de cada tribo, ou seja, doze bastões, uma de cada um dos chefes, tribo por tribo.
Escreve o nome de cada um, sobre o próprio bastão. Mas, sobre o bastão de Levi, escreve
o nome de Aarão, porque haverá um bastão especial para os chefes da família de Levi.”
Bíblia, Números 17, 16-18.
A figura de Thoth, ou Hermes é representada com um bastão à mão, conhecido como bastão de Argos – na mitologia grega, o bastão que adormeceu o gigante de cem olhos, e libertou a bela Io. 1 O bastão de Thoth tem o formato do bastão egípcio, assim como o bastão do Papa – báculo. Por se tratar de um acessório representativo do Divino, o bastão (também chamado de vara ou cajado em alguns textos sagrados) era o símbolo do comando, e era oficialmente levado pelos chefes no exercício da autoridade. 2
Sendo um acessório exclusivo das autoridades, era a partir do bastão que se estabeleciam as medidas adequadas aos projetos dos Templos, de forma a preservá-la e manter seu conhecimento exclusivamente aos religiosos e governantes. A unidade de medidas era o côvado, e o bastão utilizado para transpor as medidas na obra tinha um número pré-determinado de côvados, sendo este número aproximadamente de 5,5 côvados. 3 Este número provinha do valor de Pi (p), já conhecido pelos filósofos e matemáticos da época, expresso pela fração 22/7 - os números irracionais eram representados em forma de fração, e foram conhecidos a partir de estudos da diagonal do quadrado - . Do valor de Pi dividido por 4 (o número de lados do quadrado) obteve-se a proporção 5,5, usada na vara sagrada. Sendo assim, a vara tinha aproximadamente 288,20 centimetros de comprimento, e esta foi a medida utilizada por muito tempo na modulação básica dos edifícios religiosos.
Com a vara, além do exercício de autoridade, transmitia-se a unidade de medidas dos edifícios sagrados egípcios. Do ponto de vista bíblico/histórico, levando consigo o bastão, Moisés (que viveu durante muito tempo junto ao Faraó) levou também as medidas sagradas. Posteriormente, o bastão sendo distribuído entre os chefes das doze tribos de Judá, 4 possibilitou o uso desse sistema de medidas na construção do Tabernáculo e do Templo de Salomão embora, nestes casos, a quantidade de côvados fosse diferente da vara egípcia. 5. Ainda com base nos textos da Bíblia, acredita-se que José de Arimatéia depois de cumprir sua missão em Jerusalém (doando o sepulcro a Jesus Cristo), se dirigiu a região da Gália (nome romano da região hoje conhecida como França), e juntamente com alguns cristãos, edificava igrejas a partir do côvado.
Moisés e sua vara. Fonte: gift15.blogspot.com |
Dessa forma, o único sistema de medidas conhecido como sagrado (por estar presente nas Escrituras) ia sendo utilizado para a construção de edifícios religiosos, permanecendo válido até meados do século XVIII, quando Napoleão, ajudado pela Academia de Ciências da França propõe o uso do metro como referência para as construções da época.
Fontes:
1. KURY, Mario da Gama. Dicionário da Mitologia Grega e Romana
7ª edição – São Paulo: Editora Jorge Zahar, 2003.2. Bíblia, Êxodo 4, 1-5.
3. ELLIS, Ralph. Thoth, o arquiteto do Universo: mapas neolíticos da Terra./
tradução de Flávio Lubisco – Rio de Janeiro: Madras Editora Ltda, 2006. c. IV e passim.
4. Bíblia, Números 17, 16 – 26.
5. Bíblia, Êxodo 37. Construção do Tabernáculo, I Reis 6 – 8. Construção do Templo de Salomão.
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